IV- Curvas características das células fotovoltaicas
Curva de corrente x tensão (curva I-V)
A representação típica da característica de saída de um
dispositivo fotovoltaico (célula, módulo, sistema) denomina-se curva corrente
tensão.
A corrente de saída mantém-se praticamente constante dentro da amplitude
de tensão de funcionamento e, portanto, o dispositivo pode ser considerado uma
fonte de corrente constante neste âmbito.
A corrente e a tensão em que opera o dispositivo fotovoltaico são
determinadas pela radiação solar incidente, pela temperatura ambiente, e pelas
características da carga conectadas ao mesmo.
Fig. 9
Os valores
transcendentes desta curva são:
 | Corrente de curto-circuito (Icc): Máxima corrente que pode entregar
um dispositivo sob condições determinadas de radiação e temperatura
correspondendo a tensão nula e consequentemente a potencia nula. |
 | Tensão de circuito aberto (Vca): Máxima tensão que pode entregar um
dispositivo sob condições determinadas de radiação e temperatura
correspondendo a circulação de corrente nula e consequentemente a potencia
nula. |
 | Potencia Pico (Pmp): É o valor máximo de potencia que pode entregar
o dispositivo. Corresponde ao ponto da curva no qual o produto V x I é máximo. |
 | Corrente a máxima potencia (Imp): corrente que entrega o
dispositivo a potencia máxima sob condições determinadas de radiação e
temperatura. É utilizada como corrente nominal do mesmo. |
 | Tensão a máxima potencia (Vmp): tensão que entrega o dispositivo a
potencia máxima sob condições determinadas de radiação e temperatura. É
utilizada como tensão nominal do mesmo. |
Efeito de factores ambientais sobre a característica de saída do dispositivo.
Efeito da intensidade de radiação solar
O
resultado de uma mudança na intensidade de radiação é uma variação na corrente
de saída para qualquer valor de tensão
A corrente varia com a radiação de forma directamente proporcional. A tensão
mantém-se praticamente constante.
Fig.10
Efeito da
temperatura
O principal efeito provocado pelo aumento da temperatura do módulo é uma
redução da tensão de forma directamente proporcional. Existe um efeito
secundário dado por um pequeno incremento da corrente para valores baixos de
tensão.
Tudo isto está indicado na Fig. 11
É por isso que para locais com temperaturas ambientes muito elevadas são
adequados módulos que possuam maior quantidade de células em série a fim de que
as mesmas tenham suficiente tensão de saída para carregar baterias.
Fig.11
Combinações
de células e curvas resultantes
A tensão no ponto de máxima potencia de saída para uma célula é de
aproximadamente 0,5 Volts em pleno sol.
A corrente que entrega una célula é proporcional à superfície da mesma e à
intensidade da luz. É por isso que para conseguir módulos com correntes de saída
menores utilizam-se em sua fabricação terços, quartos, meios, etc de células.
Um módulo fotovoltaico é um conjunto de células conectadas em série
(somam-se suas tensões) que formam uma unidade com suficiente tensão para poder
carregar uma bateria de 12 volts de tensão nominal (Esta bateria necessita entre
14 e 15 Volts para poder carregar-se plenamente). Para conseguir esta tensão
necessitam-se entre 30 e 36 células de silício Monocristalino conectadas em
série.
Interacção do dispositivo fotovoltaico com a carga
A curva I-V corrigida para as condições ambientais reinantes, é só uma parte
da informação necessária para saber qual será a característica de saída de um
módulo. Outra informação imprescindível é a característica operativa da carga a
conectar. É a carga que determina o ponto de funcionamento na curva I-V
Potencia máxima de saída durante o dia
A característica I-V do módulo varia com as condições ambientais
(radiação, temperatura). Isto quer dizer que haverá uma família de curvas I-V
que nos mostrará as características de saída do módulo durante o dia numa época
do ano.
Fig. 12
A curva de
potência máxima de um módulo em função da hora do dia tem a forma indicada neste
diagrama de carga:
Fig. 13
A quantidade de energia que o módulo é capaz de entregar durante o dia é
representada pela área compreendida sob a curva da Fig.13 e mede-se em
Watts hora/dia.
Observa-se que não é possível falar de um valor constante de energia
entregue pelo módulo em Watts hora uma vez que varia conforme a hora do dia.
Será necessário então trabalhar com os valores da quantidade de energia diária
entregue. (Watts hora/dia).
Interacção com uma carga resistiva
No exemplo mais simples, se se conectam os bornes de um módulo aos de uma
lâmpada incandescente (que se comporta como uma resistência eléctrica) o ponto
de operação do módulo será o da intersecção da sua curva característica com uma
recta que representa graficamente a expressão I= V / R , sendo R a
resistência
da carga a conectar.
Fig.14
Interacção com uma bateria
Uma bateria tem uma tensão que depende do seu estado de carga, antiguidade,
temperatura, regime de carga e descarga, etc. Esta tensão é imposta a todos os
elementos que a ela estão ligados, incluindo o módulo fotovoltaico.
Fig. 15
É incorrecto pensar que um módulo com uma tensão máxima de saída de 20 volts
elevará uma bateria de 12 volts para 20 volts e a danificará. É a bateria que
determina o ponto de funcionamento do módulo.
A bateria varia sua amplitude de tensão entre 12 e 14 volts.
Dado que
a saída do módulo fotovoltaico é influenciada pelas variações de radiação e de
temperatura ao longo do dia, isto se traduzirá numa corrente variável entrando
na bateria.
Fig. 16
Interacção com um motor de corrente contínua
Um motor de corrente contínua tem também uma curva I-V.
A intersecção da mesma com a curva I-V do módulo determina o ponto de
funcionamento.
Fig. 17
Quando se liga um motor directamente ao sistema fotovoltaico, sem bateria
nem controles intermediários, diminuem os componentes envolvidos e portanto
aumenta a fiabilidade.
Mas, como
mostra a Fig. 18, não se aproveitará a energia gerada nas primeiras horas
da manhã e ao entardecer.
Fig. 18
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